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sábado, 4 de fevereiro de 2012

A idade de ouro da pornografia em França

A eleição de Valéry Giscard D’Estaing como Presidente da República Francesa em 1974 faz cessar a censura, abrindo caminho a novas formas de expressão cinematográfica, permitindo que os cineastas trabalhem os seus filmes sem restrições estéticas que até aí os limitavam. 

Assim, nos anos 70, como escreve o Libération, a pornografia, aproveitando essa fugaz abertura, explodiu em França, dando origem a inúmeras produções e impondo uma nova constelação de "estrelas". 
(via Libération)
Em 1974, só na região de Paris, 128 filmes geram 6 milhões de entradas vendidas.

(via Libération)
Em 1975, todavia, a subtil estratégia de salvaguarda moral é posta em marcha, com a aprovação da legislação que introduz a classificação X, limitando a distribuição a salas reservadas, aumentando os impostos sobre a produção e conseguindo, com eficácia, que a pornografia acabasse gradualmente por ser remetida para um gueto de onde não mais saiu.

No documentário de 2006 “A idade de Ouro do X”, actrizes como Brigitte Lahaie (imagens via screenrush.co.uk) recordam a “excitação” sentida na primeira vez que “actuaram” diante de uma câmara. 





No documentário, nomes esquecidos como Claudine Beccarie, Martine Grimaud, Julia Perrin ou Richard Allan vão desfilando como testemunhas de uma estranha época de liberdade que hoje, por comparação com a realidade quotidiana, nos parece estranha e incrivelmente inocente.







Não se podendo, por motivos que não interessa agora explorar, aderir a uma apologia da pornografia, não podemos também deixar de registar que ao mesmo tempo que a produção de conteúdos audiovisuais contendo representações sexuais explícitas foi sendo remetida para as margens do mercado do entretenimento, a violência, num contaponto obsceno, foi sendo sublimada e banalizada. 

Assim, nos nossos incongruentes dias, é mais aceitável socialmente permitir que uma criança assista a um filme contendo violência extrema e gratuita (os exemplos ilustrativos desta realidade são demasiado óbvios para que perca tempo a enumerar um sequer) do que nudez e erotismo.

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